Portugal
A Crise de 1383-85
O NEGRO SÉCULO XIV
O período desenvolvimento que se seguiu ao fim da guerra contra os árabes vai até aos primeiros anos do século XIV. A partir desta altura, Portugal e a Europa vão atravessar um período terrível.
O nosso país começa por ser atingido por vários anos de mau tempo, com cheias e secas, que vão afectar a agricultura e espalhar a fome. Para agravar a situação, vai haver falta de gente para trabalhar nos campos, porque os camponeses procuram as cidades enriquecidas pelo comércio.
Como se não bastasse a fome, a Peste Negra chegou a Portugal em 1348. Em cinco anos, esta terrível epidemia matou um terço da população europeia, cerca de 25 milhões de pessoas.
Alguns ditados medievais mostram bem os medos do século XIV:
?Depois da fome, a peste come!?
?Da fome, da peste e da guerra, livrai-nos Deus!?.
A guerra não tardou?
AS ORIGENS DA REVOLUÇÃO DE 1383-85
O rei D. Fernando pôs fim a um longo período de paz, entrando em guerras com Castela. No final desses confrontos, uma das condições para a paz foi o casamento do rei castelhano com D. Beatriz, única filha do rei de Portugal, em 1382.
D. Fernando, então com 37 anos, esperaria ter mais filhos do casamento com D. Leonor Teles. Porém, morreu poucos meses depois e deixou a herdeira do trono de Portugal casada com o rei de Castela.
Túmulo de D. Fernando. Museu Arqueológico do Carmo - Lisboa
Leonor Teles assumiu a regência, mas mandou aclamar D. Beatriz como rainha de Portugal, o que punha em risco a independência do país.
Apesar disso, foi apoiada pela maioria da nobreza e do clero, mas o povo opunha-se totalmente e recusava que Portugal perdesse a independência.
É neste ambiente, quase à beira de uma guerra entre portugueses, a favor ou contra D. Beatriz, que vai surgir a figura de?
D. JOÃO, MESTRE DE AVIS
D. João era filho bastardo, ou seja, fora do casamento do rei D. Pedro, portanto era meio-irmão do falecido rei D. Fernando.
Tal como Tomar era a sede da Ordem de Cristo, a vila de Avis, no Alentejo, era a sede de outra Ordem religiosa-militar, a Ordem de Avis.
Como era Mestre dessa Ordem, D. João era tratado por Mestre de Avis.
D. João vê neste cenário de descontentamento a sua oportunidade de se tornar rei de Portugal.
Acompanhado de alguns nobres, vai ao paço de Leonor Teles e mata o conde Andeiro, o conselheiro castelhano da rainha, odiado pelo povo.
Morte do conde Andeiro
Ao mesmo tempo, homens a cavalo galopavam pelas ruas de Lisboa, gritando:
- Acudam ao paço, que matam o Mestre!
Revoltado, o povo correu em auxílio do Mestre de Avis. Contudo, a revolta transformou-se em surpresa e alegria, quando perceberam que D. João estava vivo e o morto era o conde Andeiro.
O povo de Lisboa apoiou o Mestre de Avis, logo ali escolhido para Regedor e Defensor do Reino, ou seja, para governar e defender o país até se saber a quem pertencia o trono de Portugal.
O CERCO DE LISBOA
Logo após a morte do conde Andeiro, Leonor Teles fugiu para Santarém, de onde informou a filha do que se tinha passado em Lisboa. O rei de Castela invade Portugal (passando por Tomar) e vai cercar a cidade de Lisboa, onde estava o Mestre de Avis.
Cerco de Lisboa, ilustração francesa de final do séc. XIV
O cerco durou quatro meses e quando os defensores da cidade estavam quase a render-se pela fome, o incrível aconteceu? os portugueses foram salvos pela peste! A doença começou a atacar o exército castelhano, que se viu obrigado a levantar o cerco e regressar ao seu país.
AS CORTES DE COIMBRA
Agora que os castelhanos tinham retirado, os portugueses aproveitaram para decidir quem iria suceder a D. Fernando. Só as Cortes podiam tomar essa decisão e para isso se reuniram na cidade de Coimbra.
D. João, Mestre de Avis e D. Beatriz, filha do falecido rei D. Fernando, eram os principais pretendentes ao trono, mas ainda havia que contar com os filhos de D. Pedro e de Inês de Castro.
João das Regras (assim chamado porque era advogado e conhecia as regras, ou seja, as leis) demonstrou, nas Cortes de Coimbra, que o pretendente com direito ao trono era D. João, Mestre de Avis, a partir dessa altura D. João I, rei de Portugal.
Cortes de Coimbra, 1385. João das Regras no uso da palavra, com o Mestre de Avis atrás de si.
Quem não gostou da decisão das Cortes de Coimbra foi o rei castelhano, invadindo Portugal pela 2ª vez. Para isso reuniu um numeroso e bem armado exército, reforçado pelos homens da alta-nobreza portuguesa, ultrapassando os 30 000 homens.
O comandante das forças portuguesas era D. Nuno Álvares Pereira, o herói de todas as batalhas contra Castela.
Estátua de Nuno Álvares Pereira, junto ao mosteiro da Batalha.
Com os seus 6 500 soldados, D. Nuno acampou em Tomar e daqui partiu já acompanhado pelo rei, a 10 de Agosto de 1385, rumo à famosa batalha de Aljubarrota.
Na capela de S. Lourenço, século XVI, este painel de azulejos (1948) representa a chegada de
D. João I a Tomar, onde já estava D. Nuno Álvares Pereira com o seu exército.
Para conheceres esta ?História de Tomar?. Clica aqui
Repara na ponte, à direita e ao fundo, por onde o exército de D. João I atravessou o Nabão.
Era a segunda ponte que os romanos construíram em Tomar, além da ponte Velha.
D. Nuno travou a carga da cavalaria inimiga com as ?covas de lobo?, elemento da tática do quadrado com que derrotou o poderoso exército castelhano.
Batalha de Aljubarrota, 14 de Agosto de 1385.
Disposição dos dois exércitos na batalha de Aljubarrota,
sendo visível o quadrado português.
Fundação Batalha de Aljubarrota
Batalha de Aljubarrota. A cavalaria
A derrota dos castelhanos.
As duas fotos anteriores foram tiradas durante as filmagens alusivas à
Batalha de Aljubarrota, realizadas pela Fundação Batalha de Aljubarrota.
Vê o filme e assiste à batalha.Clica aqui
Fica a saber tudo sobre a batalha
Esta incrível vitória garantiu a independência de Portugal e D. João I ficou tão surpreendido que achou que era milagre. Como agradecimento, perto do local da batalha, mandou erguer o mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como mosteiro da Batalha.
Construído em estilo gótico, este monumento está classificado como Património da Humanidade.
Mosteiro da Batalha
Visita o mosteiro da Batalha, clica aqui
.
loading...
-
Não Digas Nada
E porque hoje faz 80 anos que Pessoa partiu... "Não digas nada! Nem mesmo a verdade Há tanta suavidade em nada se dizer E tudo se entender ? Tudo metade De sentir e de ver... Não digas nada Deixa esquecer ...
-
Liberdade
E porque agosto é mês de férias em Portugal, como se fosse janeiro no Brasil, hoje ficamos pela poesia! "Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. ...
-
Não Tenho Pressa
E porque hoje é domingo! Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" Heterónimo de Fernando Pessoa "Não tenho pressa. Pressa de quê? Não têm pressa o sol e a lua: estão certos. Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas, ...
-
Quando Vier A Primavera
E porque domingo é dia de poesia hoje deixo aqui um pouco de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa em "Poemas Inconjuntos" "Quando vier a Primavera" "Quando vier a Primavera, Se eu já estiver morto, As flores florirão da mesma maneira ...
-
Ser Poeta
E porque hoje é domingo... E porque hoje é dia 8 de Março, dia Internacional da Mulher... E só por isso, apresento a vocês, Florbela Espanca, poetisa portuguesa nascida em Vila Viçosa, mulher alentejana que partiu cedo... Florbela Espanca,...
Portugal