Portugal
De Ceuta ao cabo da Boa Esperança
A conquista de ceuta
Resolvida a crise de 1383-85, o novo rei, D. João I, tinha um país independente, mas com graves problemas económicos e sociais (a peste, a crise agrícola e os campos por cultivar, os custos da guerra contra Castela).
A conquista de Ceuta pareceu-lhe ser a solução para todos esses problemas, já que:
* Dominava o comércio do ouro com a Europa.
* Era por esta cidade que chegavam ao nosso continente parte das especiarias do Oriente.
*Era uma região produtora de cereais que faltavam em Portugal.
*Era um ponto importante para controlar a navegação no mar Mediterrâneo e os ataques dos piratas árabes sobre a costa sul de Portugal.
Todos os grupos sociais apoiaram a conquista de Ceuta.
Nobreza ? Poderia obter terras e reforçar o seu poder, como recompensa da ajuda na guerra contra os árabes.
Clero ? Era uma forma de combater o Islamismo, vista como religião inimiga da fé cristã.
Burguesia ? Ceuta era um ponto internacional de comércio, a principal atividade deste grupo social.
Povo ? Procura de melhores condições de vida.
A conquista da cidade foi relativamente fácil, mas não obteve os resultados esperados. Os árabes desviaram as rotas do ouro e das especiarias para outras cidades.
Em vez de melhorar as condições económicas do nosso país, Ceuta teve o efeito contrário. Constantemente sujeita a ataques, obrigava a grandes gastos.
A conquista de Ceuta (1415) marcou o início da Expansão portuguesa, foi o nosso primeiro território noutro continente.
Conquista de Ceuta
Ceuta
Conquistas ou descobertas
O controlo do comércio do ouro continuava a parecer a solução para os problemas portugueses. Depois de Ceuta, surgiram duas correntes de opinião sobre como controlar esse comércio.
A nobreza defendeu uma política de conquistas no norte de África, até que os Árabes fossem obrigados a ceder-nos o comércio dos produtos.
Já a burguesia preferia uma política de descobertas, ir buscar os produtos ao local de origem, por via marítima.
Estas duas políticas foram postas em prática. Os portugueses realizaram algumas conquistas no norte de África, sobretudo com D. Afonso V, e iniciaram a gloriosa aventura dos Descobrimentos.
Esta enorme tarefa foi confiada ao infante D. Henrique, filho de D. João I.
Infante D. Henrique Vitral no edifício do Turismo, junto à
Mata dos Sete Montes, Tomar.
Os desafios dos descobrimentos
Navegando na parte do Atlântico já sua conhecida, os portugueses fizeram a primeira descoberta, o arquipélago da Madeira (1419), seguindo-se os Açores, já a 1500 km da costa portuguesa.
Nunca ultrapassado, o Cabo Bojador era o grande obstáculo para a descoberta do litoral africano. Ali, navegando junto à costa, era impossível vencer os baixios e correntes traiçoeiras. Ao fim de treze tentativas feitas pelos navegadores de D. Henrique, usando ainda numa barca, Gil Eanes conseguiu dobrar este cabo (1434).
O cabo Bojador situa-se na costa africana,
imediatamente abaixo das ilhas Canárias.
Caravela, 1º plano, e barcas, ao fundo.
A barca foi o navio com que Gil Eanes dobrou o Bojador (1434). Navegando junto à costa, era uma embarcação robusta, capaz de aguentar embates em rochas e passar por águas pouco profundas, mas lento e pouco manobrável. Usava a chamada vela redonda, um pano aproximadamente quadrado, a vela inchava como um balão, derivando daí a sua designação de «redonda».
Ao ultrapassarem este cabo, os portugueses venceram também o medo do Mar Tenebroso, como chamavam os europeus ao oceano desconhecido.
Venceram o medo, mas foram muitos os que não voltaram e morreram no mar.
Até ao século XV, o conhecimento que os europeus tinham do mundo limitava-se a uma pequena parte de África e da Ásia. A América e a Oceânia eram totalmente desconhecidas.
Ao oceano Atlântico, para lá do Bojador, chamavam-lhe o "Mar Tenebroso", povoado por monstros marinhos que engoliam os barcos, zonas de águas ferventes e ilhas habitadas por seres fantásticos.
Para se orientarem no alto mar, os portugueses adaptaram e desenvolveram diversos instrumentos náuticos com que se orientaram pelos astros. Nesta navegação astronómica utilizaram instrumentos como a bússola, o astrolábio e o quadrante.
O astrolábio é um instrumento antigo que serve para medir a altura dos astros do horizonte. Foi adaptado pelos portugueses para a navegação, com a criação do astrolábio náutico
Em cada viagem, sempre mais longe que a anterior, os ventos e as correntes eram cuidadosamente registados nas cartas náuticas ou de marear, a ser usadas na viagem seguinte.
O planisfério de Cantino (1502) é a mais antiga carta náutica portuguesa conhecida. Recebeu o nome de Alberto Cantino, o espião que obteve esta cópia, subornando algum cartógrafo ou ilustrador, enviando-a para Itália. Biblioteca Universitária de Modena - Itália.
O planisfério mostra o resultado das viagens de Vasco da Gama à Índia, Colombo à América Central e Pedro Álvares Cabral ao Brasil, com o meridiano de Tordesilhas assinalado.
A exploração da costa africana
Passado o Bojador, começou a exploração do litoral africano.
À medida que avançaram pela costa, os portugueses construíram postos militares e de comércio, as feitorias. Era ali que se comerciavam e armazenavam os produtos africanos: ouro, escravos, marfim, malagueta, até os barcos os transportarem para Portugal.
A feitoria da Mina, gravura da obra Indiae Orientalis
As três fases das descobertas africanas
Em 1460, ano da morte do infante D. Henrique, as caravelas portuguesas tinham atingido a Serra Leoa.
Nesta altura era rei D. Afonso V, o Africano, que recebeu este cognome por ser defensor da política de conquistas em África. O comércio e as descobertas ficaram então abandonados, a situação económica do país agravou-se com os custos da guerra em África.
D. Afonso V arrenda o comércio africano a Fernão Gomes, na condição de este rico burguês continuar com as navegações de exploração. Durante cinco anos é graças a este contrato que os Descobrimentos vão avançar, chegando às principais zonas de comércio do ouro africano.
Vendo a enorme importância das Descobertas e do comércio que lhe estava associado, o príncipe D. João (futuro rei D. João II) vai assumir a organização dos Descobrimentos. Com ele começa a terceira fase da descoberta da costa africana.
As três fases da descoberta da costa ocidental africana.
Nas fases do infante D. Henrique e de Fernão Gomes, a descoberta da costa africana e controlar o comércio do ouro eram os objectivos a atingir.
D. João II foi mais ambicioso e quis ver o ?fim? da costa africana, pois se fosse possível contornar África, passando do Atlântico ao Índico, estava aberto o caminho marítimo para os mercados do Oriente.
Esta possibilidade veio a confirmar-se em 1488, quando Bartolomeu Dias dobrou o cabo da Boa Esperança.
O cabo da Boa Esperança visto do céu. Clica aqui
África, de Ceuta ao cabo da Boa Esperança (1415-1488)
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