Volta a Portugal - Mestrado
Portugal

Volta a Portugal - Mestrado


Mais de um ano depois, eis-nos aqui outra vez. Os bons desejos de vocês, muitas vezes manifestos nos comentários, concretizaram-se: estou de volta a Portugal, fazendo o Mestrado (que queria) em Estudos Literários, Culturais e Interartes na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (e também me casei com o Rui!* rs).

FLUP
Casamento :) 12/9/2013










Vim para cá em julho, quando fiz a seleção, e as aulas começaram em setembro. A seleção consistiu em uma análise de currículo, em que pesava o histórico da licenciatura e a atuação acadêmica (publicação de artigos, participação em eventos etc.). Houve ainda uma entrevista (não se trata de uma arguição de projeto), na qual duas professoras me fizeram perguntas sobre o meu percurso até então, a minha motivação para o curso, os temas que pretendia estudar. Vale ressaltar que para mim ainda não estava (nem está) claro em que vai consistir a minha dissertação, mas isso aqui não é empecilho para a entrada no curso. Fiquei colocada em 5.º lugar, juntamente com muitos brasileiros, portugueses e até um sul-coreano!

Há dois ramos no curso: o de Estudos Comparatistas e Relações Interculturais e o de Estudos Românicos e Clássicos, tendo este último seis variantes, das quais escolhi a de Literatura Portuguesa, Literaturas de Língua Portuguesa (Língua Portuguesa e Educação). Isso não nos impede de escolhermos cadeiras de outro ramo ou de outras variantes, mas a maior parte das cadeiras escolhidas tem de ser do ramo pré-definido. Desta forma, escolhi só duas cadeiras do ramo de E. Comparatistas, que são Literatura Comparada: Questões e Perspectivas e  Tradução e Cultura. Mesmo que eu não venha a desenvolver o meu trabalho final neste âmbito, tem sido muito útil para mim o estudo destas disciplinas no que tange ao alargamento da minha visão das relações literárias e culturais entre os países e do processo de construção das histórias da literatura (nacionais/internacionais).

- As restantes cadeiras, a quem interesse saber, são, no 1.º semestre: Rupturas e Continuidades na Poesia Portuguesa Contemporânea-1 , Novíssimos: Poesia e Poéticas e Poéticas Finisseculares - séc. XIX e XX-1, formando um total de cinco unidades curriculares. No próximo semestre, curso mais cinco e, no próximo ano letivo (que começa em setembro/2014), devo iniciar a escrita da dissertação (que deverá durar um ano).

Escolhi estas unidades curriculares para tentar construir uma visão mais bem fundamentada do modernismo e da literatura contemporânea, estudando desde os seus precursores (de fins do séc. XIX) até a produção poética mais recente ("novíssimos" - pelos anos 2000). Tudo tem se articulado bem e eu acho que tenho conseguido estabelecer relações significativas entre as matérias. Já pensei em tratar da poesia brasileira contemporânea na minha dissertação, mas ainda não defini o aspecto a ser estudado. Talvez o hibridismo de gêneros artísticos.

Biblioteca da FLUP

As diferenças entre o ensino (não só universitário) português e o brasileiro mereceriam uma postagem à parte, mas, para já, vou ser breve: o mestrado, em ambos os países, é já de si uma certa ruptura com o ambiente da graduação, que seria, digamos, mais permissivo, onde teríamos mais espaço para errar. No mestrado, temos que evitar afirmações despropositadas ou não-fundamentadas. Aqui em Portugal, então, sinto isso com mais intensidade, pelo fato de a relação professor-aluno ser, em geral, diferente daquilo com que estamos acostumados no Brasil. 

Nas escolas brasileiras, desde a educação básica, a figura do professor aproxima-se da de um amigo (o que, às vezes, tem consequências ruins, claro); quer dizer, por mais que haja uma hierarquia de saberes, o professor tenta não constranger tanto o aluno pelo fato de ele ainda não saber determinada coisa. Aqui, por outro lado, em meio às minhas aulas na universidade e em uma Escola Primária que tive ocasião de visitar, percebo uma relação um pouco diferente, em que o distanciamento é maior e a diferença de saberes é bastante enfatizada. Mas isto é assunto para um próximo texto.

Biblioteca da FLUP
Espero que este relato ajude quem pensa em vir para cá estudar. Se tiverem perguntas, não hesitem em fazê-las, seja por comentários, seja por email.

Até a próxima! :)


* Depois, tenho que fazer uma postagem de "utilidade pública" sobre a burocracia do casamento de estrangeira com nacional... rs)





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